Multas a pedestres e ciclistas – Como reagir? [Bicicultura 2018]

A Cidadeapé vai participar do Bicicultura 2018 promovendo uma mini-oficina na sexta-feira, 8 de junho, às 15:30, no espaço Átrio do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.

Dentro da programação Pedestres em Pauta, a oficina vai tratar de “Multas a pedestres e ciclistas – Como reagir?”.

A resolução 706/2017 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) padroniza a aplicação de multas a pedestres e ciclistas que cometerem infrações previstas nos artigos 254 e 255 do CTB. A Cidadeapé acredita que multar pedestres e ciclistas aumentará a desigualdade entre os atores do trânsito. Veja a nota que publicamos sobre a questão. Prevista para ser iniciada ainda neste semestre, a medida foi adiada para março de 2019, com multas que vão de R$ 44 a R$ 130 ou mesmo a remoção da bicicleta. Dá para acreditar?

Neste Bicicultura Brasil, teremos a oportunidade de ver tal problemática a partir de várias perspectivas, mas sobretudo a fim de considerar nossa voz, de caminhantes e ciclistas das cidades brasileiras.

—Programa—
a) Mobilidade Ativa: pedestres e ciclistas juntos
b) Contextualização nacional: multas a pedestres e ciclistas
c) Recepções locais à resolução do Contran
d) Reação: ferramentas e munições contra a aplicação de multas

Venha ser parte deste movimento em prol da #MobilidadeAtivaUnida.

Realização: Cidadeapé / Super-Ando
MediaçãoCaminha Rio
ApoioMobiRio

Multas a pedestres e ciclistas – Como reagir?

Evento: Bicicultura 2018
Dia: Sexta-feira, 08/06/2018

Hora: Das 15h30 às 16h20
Local: Museu do Amanhã
Endereço: Praça Mauá, 1 – Centro. Rio de Janeiro, RJ. CEP: 20081-240
Como chegar:  VLT, metrô, trem e ônibus. No local há bicicletário. Acessível. Veja as opções aqui.
 

 

FAROL MIOJO 2016

Quem anda pela cidade sabe: tem lugar em que o tempo de espera para atravessar uma rua é tão longo que daria tempo de fazer um miojo!!

Sensíveis a essa questão, voluntários da Cidadeapé realizam a ação “Farol-Miojo”, uma sátira-séria para evidenciar e colocar em pauta que é inadmissível que as pessoas esperem tanto tempo para atravessar que dá tempo até de cozinhar, e comer (!), um macarrão instantâneo.

No dia 25/03/16, fomos junto com o amigo e defensor dos pedestres, o Super-Ando, testar um dos inúmeros Faróis Miojo da cidade.

Na esquina da Rebouças com a Oscar Freire, Zona Oeste, o grande problema é chegar do ponto A ao ponto B: atravessar a Rebouças pelo lado par da Oscar Freire. Ou, ainda pior, descer do ônibus no ponto C e tentar chegar no ponto A. Conforme esquema abaixo.

Farol Miojo 02

Cruzamento da Av. Rebouças com a Rua Oscar Freire. Opções de travessia para pedestres. Observar que entre os pontos A e C não há faixa de pedestre.

Ora, parece simples. De A a C é uma simples travessia de 10 metros. No entanto, ali não tem faixa de pedestres. Então, quais as opções?

  • Realizar 5 travessias – 1, 2, 3, 4, e 5. O percurso é aumentado 6 vezes (60 metros) e o tempo de deslocamento é de 4 minutos – considerando todos os ciclos semafóricos.
  • Realizar 1 travessia – 6. O percurso é aumentado 18 vezes (180 metros) e o tempo de deslocamento é de mais de 3 minutos – considerando a espera no semáforo.
  • Realizar a travessia entre C e A, onde não há sinalização e os motoristas não respeitam a prioridade do pedestre na conversão (Art. 38 do CTB), esperando uma brecha no trânsito de veículos.

No vídeo abaixo testamos e cronometramos o trajeto de A até B (25 metros em linha reta) pelos dois caminhos projetados para os pedestres.

O Thomas atravessou as 4 faixas: 5, 4, 3 e 2.

  • Tempo total: 2’20” minutos
  • Trajeto total: 50 metros
  • Obs.: ao realizar a travessia 3 (com o verde para pedestre), quase foi atropelado por um carro de polícia que fez a conversão proibida da Oscar Freire para a Rebouças. Ver minuto 2’40’’do vídeo, e observe a sinalização:  Placas de Transito do Brasil

A Meli foi pela travessia 6.

    • Tempo total: 4 minutos
    • Trajeto total 200 metros.
    • Obs.: susto com carro entrando no estacionamento da churrascaria, trafegando sobre a calçada.

Conclusão

O longo tempo de espera para os pedestres atravessarem as ruas e avenidas das cidades é uma das principais causas de atropelamentos. Isso porque leva-se muito pouco em consideração as necessidades das pessoas na programação dos tempos semafóricos e no desenho da sinalização e da geometria das vias. O pedestre espera demais e quando é a “sua vez”, transforma-se praticamente em um atleta para completar sua travessia em tempo hábil. Ou tem que andar muito mais do que precisa, só para que o fluxo veicular não seja prejudicado, como vimos aqui: custava ter uma faixa de travessia entre C e A?

Ou simplesmente desiste de esperar, e vai pelo caminho mais curto, mais natural, mais eficiente, como deveria ter sido projetado.

E você? Também conhece um Farol Miojo em São Paulo? Conte para a gente.

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“Em São Paulo ativistas pintam corpos no asfalto em protesto por mortes de pedestres”

Publicado originalmente em: Mobilize
Autor: Ana Nunes e Du Dias
Data: 26/11/2015

Nesta quinta-feira (26) as ruas ao redor do prédio que abriga o Instituto Tomie Ohtake, na região de Pinheiros, zona oeste de São Paulo, amanheceram com dezenas de corpos pintados no asfalto. Os desenhos estão acompanhados do número 555, representando os pedestres assassinados no trânsito da cidade durante o ano de 2014, a maioria deles vitimas de atropelamentos. A intervenção é um protesto contra as centenas de vidas interrompidas todos os anos pela violência do trânsito.

A intervenção ocorreu durante a noite de quarta-feira (25), quando um grupo de ativistas pela mobilidade a pé percorreu algumas ruas do entorno das avenidas Brigadeiro Faria Lima e Pedroso de Moraes, marcando o asfalto com as figuras. A região foi escolhida pois é ali, no prédio do Instituto Tomie Ohtake, que acontece o primeiro Seminário Internacional Cidades a Pé, com a presença de autoridades de trânsito e transporte de outras partes do Brasil e de outros países. Segundo os ativistas o protesto tem como objetivo provocar a reflexão sobre a brutalidade da cidade com as pessoas que andam a pé.

Não foi acidente

A indignação que move o protesto ganha ainda mais substância em uma semana na qual uma criança de 11 anos é assassinada por um motorista embriagado em Sapopemba, na Zona Leste, enquanto brincava no canteiro central da avenida Arquiteto Villanova Artigas. Apesar do teor violento de crimes como esse, muitos veículos de imprensa chamam atropelamentos de “acidentes”, ignorando a discrepância na relação de forças entre a carroceria de um veículo e o corpo de uma pessoas que anda a pé ou de bicicleta pela cidade.

O Código de Trânsito Brasileiro prevê a responsabilidade dos veículos maiores sobre a segurança dos menores. Isso significa que todas os elementos da mobilidade são responsáveis pela incolumidade do pedestre, o mais vulnerável da cadeia. Com a ação o grupo pretende chamar atenção para a responsabilidade pela segurança das pessoas, que deve ser compartilhada entre o poder público, que desenha as vias, e a população, que as utiliza. “Não admitimos nenhuma morte no trânsito, ainda mais quando centenas de pedestres são assassinados em decorrência da irresponsabilidade de motoristas e omissão do poder público. É por cada uma das 555 vidas ceifadas na cidade de São Paulo que realizamos esse ato”, argumenta o sociólogo Andrew Oliveira, participante do protesto e intérprete do Super-Ando, super-herói criado por coletivos ligados à mobilidade a pé para valorizar a identidade dos pedestres e simbolizar a luta por uma cidade mais humana.

Os corpos pintados no asfalto chocam e chamam a atenção do poder público por melhorias nas condições da mobilidade a pé e também alerta os próprios caminhantes sobre a sua situação de vulnerabilidade. O que não significa, no entanto, estimular as pessoas a se recolher ainda mais, explica Andrew: “O grupo acredita que andar a pé já é, por si só, um ato de heroísmo por desafiar a lógica de uma cidade que privilegia o fluxo de automóveis em detrimento da segurança das pessoas”.

Vídeos

Vejam aqui dois vídeos sobre essa ação:

Página da Rachel: Ação de guerrilha
Bike é Legal: Ativismo: Corpos pintados no chão lembram mortes de pedestres em SP

Imagem do post: Corpos desenhado representam os 555 mortos de 2014. Foto: Fabio Myiata

O super-herói dos pedestres brasileiros está chegando!

Vem aí o Super-Ando!

Ainda não sabemos qual será seu disfarce, mas sabemos que está vindo para lutar pelas pessoas que andam todos os dias nas nossas ruas e calçadas.

O Super-Ando foi inspirado no super-herói mexicano, o Peatónito, que já tem uma célebre carreira de defesa dos pedestres. E que, aliás, chega ao Brasil esta semana, para participar do Seminário “Cidades a Pé“.

Peatonito. Foto: AFP/Yuri CORTEZ

Peatonito. Foto: AFP/Yuri CORTEZ

No caso do nosso Super-Ando, ele vem para lutar por cidades mais humanas. Em suas palavras:

“A ideia não é a de ser um herói em defesa da sociedade. O objetivo, pelo contrário, é empoderar o cidadão das cidades – considerando a falta de infraestrutura, a questão educacional dos motorizados – e buscar o heroísmo. Ou seja, passar a mensagem de que quem caminha é um herói, em busca de uma cidade mais caminhável para os pedestres e agradável para os ciclistas.”

O Super- Ando tem um encontro marcado com o Peatónito no próximo sábado, dia 28/11/2015, quando aparecerá pela primeira vez em público. Enquanto isso, para saber mais sobre nosso mais novo super-herói, curta sua página do Facebook!

Imagem do post: Super-heróis na Abbey Road. Ilustração de Cynthia "Thea" Rodgers. Via Goodcomics