Para eles, as políticas precisam promover melhorias no transporte coletivo e apoiar bikes e deslocamentos a pé
Com a participação de Ana Carolina Nunes
Publicado em: O Estado de S.Paulo
Uma mudança no planejamento em mobilidade urbana e o abandono do chamado “rodoviarismo” foram defendidos por especialistas e gestores públicos que participaram do quarto dia do Summit Mobilidade Urbana nesta quinta-feira. Para eles, as políticas públicas precisam promover melhorias no transporte coletivo e na infraestrutura para deslocamentos a pé e por bicicleta.Uma mudança no planejamento em mobilidade urbana e o abandono do chamado “rodoviarismo” foram defendidos por especialistas e gestores públicos que participaram do quarto dia do Summit Mobilidade Urbana nesta quinta-feira. Para eles, as políticas públicas precisam promover melhorias no transporte coletivo e na infraestrutura para deslocamentos a pé e por bicicleta.
O congresso começou com um painel com o prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), sobre as ações para ampliação dos espaços para bicicletas e de redução de velocidade de automóveis na cidade, iniciadas há cerca de oito anos. “É política de médio prazo.” Segundo ele, em seis anos, acidentes de trânsito deixaram de ser a quinta causa de óbitos na capital e passaram para a 16.ª posição.
A prioridade de políticas públicas voltadas à chamada micromobilidade (trajetos curtos feitos por meio de mobilidade ativa, como de bicicleta, a pé, de patinete e afins) foi defendida por especialistas no painel seguinte. A pesquisadora e integrante do movimento Cidadeapé Ana Carolina Nunes citou que até os Estados Unidos, que chamou de “Meca do rodoviarismo”, perceberam que é preciso apostar em alternativas ao transporte por veículo automotor. Como exemplo, citou o chamado “Green New Deal” do governo norte-americano, que prevê o incremento das redes de transporte coletivo e de infraestrutura para mobilidade ativa pelo País.
Já Tomás Martins, CEO da Tembici (responsável pela operação de serviços de bicicleta compartilhada em cidades como São Paulo e Porto Alegre), defendeu no evento do Estadão melhor aproveitamento da estrutura viária já existente, por meio de adaptações para outros meios de locomoção. “Repensar essa infraestrutura seria um ganho para as cidades.”
Assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Idesc) e integrante do Movimento Nossa Brasília, Cleo Manhas destacou que não adianta fazer melhorias na infraestrutura para pedestres e ciclistas sem a redução da desigualdade social. Caso contrário, essa mudança estará restrita a bolhas.
Outro modal que precisa crescer e atingir um público mais amplo é o dos ônibus. Para isso, destacou Iêda de Oliveira, diretora e coordenadora do Grupo de Veículos Pesados da Associação Brasileira de Veículo Elétrico (ABVE) e da empresa do mesmo setor Eletra, é preciso que os ônibus sejam mais seguros, confortáveis e sustentáveis, com a troca de veículos a diesel. “Temos uma das maiores frotas de ônibus do mundo, e não se consegue avançar.”